Sendo a dor a principal e mais frequente queixa de todo e qualquer doente reumático é fundamental que este sintoma seja bem caracterizado para que possa ser avaliado pelo técnico de saúde que irá instituir o tratamento mais adequado para cada caso.
Tentaremos aqui esquematizar os tipos mais frequentes de dor que as doenças reumáticas apresentam, sem nunca deixar de referir que toda e qualquer doença poderá apresentar uma miscelânea de tipos de dor que por vezes torna difícil o seu diagnóstico preciso.
Não iremos de maneira alguma entrar em considerações fisiopatológicas, ou mesmo etiológicas, dado o cariz informativo e de esclarecimento que gostaríamos de dar a esta comunicação.
Antes de mais, é fundamental ainda ressaltar alguns aspectos não físicos da dor reumática. Desde tempos imemoriais, carrega o estigma de pejorativamente incurável... A conotação sócio-cultural e o peso de serem para toda a vida acarretam graves consequências a nível psicológico, familiar, social e até mesmo profissional. Graves problemas de Saúde Pública se colocam quando falamos de algumas doenças reumáticas dolorosas, sendo a Lombalgia o seu paradigma.
Entretanto, se formos analisar quais são as doenças curáveis, chegaremos à conclusão de que, dentro do leque da maior parte de doenças dolorosas, o fundamental é conseguir proporcionar ao doente uma melhor qualidade de vida, usando para tal todo o arsenal terapêutico, medicamentoso e não medicamentoso. Curando ou não curando a causa primeira da dor.
Da mesma maneira, é imperioso saber-se que as doenças reumáticas não acometem apenas as pessoas idosas... Diversos Serviços de Reumatologia têm uma Consulta de Reumatologia Pediátrica! Por isso devemos estar sempre atentos também às queixas dolorosas das crianças e dos jovens.
Tentaremos aqui agrupar a queixa mais frequente em Reumatologia em apenas três grandes grupos de Dor, conforme o seu ritmo, correndo o risco de não sermos abrangentes o suficiente para incluir toda a centena e meia de doenças reumáticas muito bem definidas e classificadas pelos maiores estudiosos mundiais nesta área.
Classicamente, a dor reumática é tida como crónica, isto é, que cursa com pelo menos mais de três meses de evolução. Porém, existem situações agudas que podem ser mesmo exuberantes, como o caso de uma crise aguda de Gota, uma das mais intensas dores da Reumatologia, cujo quadro clínico é acompanhado de uma grande inflamação da articulação acometida. Classicamente, a dor é de tal intensidade que nem o lençol da cama se tolera por sobre o local... Este quadro de dor aguda leva o doente imediatamente ao médico e o seu tratamento é instituído, com a intenção da rápida resolução daquela crise.
Mais frequentemente, as doenças reumáticas manifestam-se através de dores insidiosas e que se prolongam no tempo. Os doentes, geralmente, e porque a função da articulação não é drasticamente acometida, aguardam para procurar um médico, minimizando assim as suas queixas, mas perpetuando a situação.
Dentro deste grupo de doentes que sofrem de dores crónicas, iremos tecer alguns comentários apenas sobre a dor crónica de ritmo mecânico, a dor crónica de ritmo inflamatório, e sobre o vasto leque da dor crónica músculo-esquelética, claro, correndo sempre o risco de pecar por falta...
Dr.ª Vera Las