A cartilagem parece ser a primeira estrutura da articulação a ser atingida no decurso da artrose, mas todos os outros elementos da articulação acabam por ser atingidos. A membrana sinovial, na tentativa de eliminar os restos de cartilagem degradada que ficam na cavidade articular, inflama e produz mais líquido sinovial (derrame articular ou derrame sinovial), que se manifesta como um inchaço na articulação. O osso subcondral da superfície articular vai reagir espessando-se e proliferando para as extremidades. Forma-se assim o osteofito, a que vulgarmente se chama “bico de papagaio”, que pode ser visto nas radiografias.
Com o envelhecimento, a cartilagem vai perdendo o seu conteúdo em água e a actividade metabólica do condrocito diminui, resultando a artrose principalmente da falência e perda da cartilagem.
Na evolução da doença cria-se um desequilíbrio entre o anabolismo e o catabolismo da cartilagem, com predomínio do catabolismo, que vai favorecer a destruição progressiva da cartilagem. A produção excessiva pelos condrocitos de enzimas que destroem os componentes da cartilagem, chamados enzimas proteoliticos, parece ser ainda mais importante do que a redução da actividade metabólica.
O condrocito está sujeito a vários estímulos que o levam a produzir diversos mediadores de inflamação, nomeadamente citoquinas, prostaglandinas e óxido nítrico. Um dos seus principais estímulos é a interleucina-1, citoquina que promove a secreção de enzimas, implicados na degradação dos vários constituintes da cartilagem.
O grau de inflamação sinovial, frequentemente presente, influencia a progressão da doença, tanto pelo aumento da actividade enzimática, que promove a degradação local dos tecidos, como pela maior produção de citoquinas, que estimulam a síntese de outros mediadores de inflamação pelas células da membrana sinoviais e condrocitos.
A demonstração de inflamação na osteoartrose permitiu reconhecer o papel terapêutico dos anti-inflamatórios, muitas vezes preferidos pelo doente relativamente ao analgésico, assim como o do uso do inibidor dos receptores da interleucina-1 e de suplementos de constituintes da cartilagem, como o sulfato de glucosamina e de condroitina e o ácido hialurónico.
Dr.ª Ana Teixeira